sexta-feira, 21 de maio de 2010

Dessemelhante

Somos todos iguais perante Deus e, creio que só perante ele. Já assisti alguns filmes (dos quais os que mais me marcaram foram Coisas Belas e Sujas, Jean Charles e Hotel Ruanda) onde o outro, imigrante, de outra raça, com outros costumes, ou seja, o diferente é automaticamente classificado, rotulado, pichado e, então, descartado, sem antes, é claro, uma grande carga de sofrimento, que vai além de carregar o fardos já citados, envolve, língua, comportamento etc. Até mesmo quando convivemos com o diferente diretamente, ainda assim e, talvez, principalmente, aí, é que o sujeito dessemelhante sofre com a discriminação. Assim acontece com os negros, com os gordos, com os de cabelos embuchados, e tanto outros pejorativos usados tão distintamente aqui na Bahia. Mas, não é só aqui, pelo que se vê nos filmes, é em todo lugar. No livro O Caçador de Pipas, o tema volta a tona, do mesmo jeitinho que aqui no Brasil, só que, em outra língua... Mas a injutiça não pára aí, porque parece que as ofensas verbais não dilaceram tanto quanto se gostaria. Será? Talvez porque a marca e o grito não sejam visíveis e audíveis, respectivamente. Então, se faz necessário colocar a mão na massa, digo, na arma (seja ela qual for) e, com ela em mãos permirtir-se gozar de prazer e poder com a humilhação do outro e com os gritos de clemência e de dor do outro, que em última análise, não é como nós....

As crianças gostam do diferente, se assustam, se comovem, mas aprendem com seus pais, desde cedo, sem pensar, como devem tratar tudo aquilo que difere.

Sei que as coisas são assim desde que o mundo é mundo, desde que os nômades viraram senhores de terras. Mas hoje estou um pouco escura, cansada, talvez, de assistir de camarote tantas violências, acho triste! Mas, como diria meu pai, "O mundo é cão, mas nós que não somos temos que fazer a nossa parte"...

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