quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Sogras



Ano atribulado, onde a rotina anestesiante roubou o lugar do bem estar e abriu alas para a falta de qualidade de vida. Eis, que estou eu às voltas em como mudar, a que dar prioridade e foi justo aí, no final de dezembro que ela chegou, loira, de camiseta colada e mini saia, chamando Marcos de filhinho da mamãe, perguntando se ele queria comidinha, que lavasse a roupa dele, cortasse suas unhas... E eu, pensando, "essa velha tem que ir embora imediatamente". Anos de terapia para não infantilizar meu respectivo, para não me tornar sua mãe e, sim, sua esposa e chega a velha para colocar a casa abaixo. Passei a primeira semana, só de olho, observando e pensando comigo que não tinha que ser boazina com ela, nem ficar ouvindo como era boa a ex de Marcos. Na segunda semana - É! porque o filhinho da mamãe a convidou para ficar um mês, enquanto ele ficava trabalhando, eu ficava tarde e noite em casa, porque só trabalho pelas manhãs agora... - chegava morta (com o cansaço do ano inteiro acumulado) e lá vem as filhas dele. Eu, a sogra e as filhas em casa e ele, trabalhando. E eu, só na terapia me convencendo que não era mãe, nem babá de ninguém! Faço um almoço para meus pais e ela diz que minha mãe era visita e eu respondi: " não, ela não é visita, ela é minha mãe!" - Fiquei coçando para não dizer que ELA era a visita... apesar de ter passado a manhã na cozinha. Aí, na terceira semana entreguei os pontos, já estava achando ela ótima! Ela limpa, cozinha, cuida das crianças, dos gatos, da planta. Parou de falar da ex, após certos comentários pouco doces meus... Meu Deus, cheguei a conclusão que essa mulher é uma mão na roda e me dei conta que ela se faz útil, necessária, para se fazer bem quista, para se fazer amada. E logra! Aí, foi que vi que Salvador foi assaltada por uma chuva de sogras (ou será que elas já estavam lá?!), no mercado, todas de mini blusa, mini saia, shortinho (mini tudo! Mas saltos enoooorrmes!) , com corpos sarados (às vezes gordinhas, baixainhas, com um sorrizinho, mas não se enganem, não me engano!), caras de mandonas, donas do lar, dos maridos, dos filhos, das empregadas, de suas bolsas enormes que não largam para nada, esgotadas, já não sorriem facilmente, são o retrato de uma vida suspensa - carregada - de responsabilidades e elas dão conta de tudo, até de pagar pelas benditas plásticas. As sogras do ano 2000 são assim, modernas, mas tão ditadoras e tão controladas e controladoras como eram minhas avós...