quinta-feira, 25 de março de 2010

Sósias - Ou o dia que que Cris veio em outro corpo para o Brasil

Faz muito tempo que não saio, mais tempo ainda que não vou ao bar e restaurante Pós Tudo. Vivo e resistindo há mais tempo que qualquer outro bar no Rio Vermelho, este bar tornou-se ponto de encontro dos alternativos e dos roqueiros desde os anos 90, que me lembre.... Ir a este lugar me traz memórias vivas de quem eu era e das pessoas que me compreendiam e comigo andavam apesar dos pesares... Assim que cheguei, parecia estar sendo assaltada pela imagem de velhos conhecidos, como Rogério gordo, figura lendária e muito conhecida no cenário rocker baiano. Mas ele e sua trupe não me causaram surpresa, esta veio mesmo quando na mesa a minha frente estavam sentados Cris, Tati e um amigo comum delas. Gente, fiquei tanto tempo encarando Cris, porque Tati mora na BA, seria possível encontrá-la na noite, mas Cris que mora na Alemanha?! Será que ela tinha vindo ao Brasil? Fiquei na dúvida se era realmente ela e, por sito, a fiquei encarando, se fosse Cris, ela falaria comigo. Mas a longa encarada não surtiu o efeito esperado, ela não se levantou e veio falar comigo, ela ficou desconcertada e teve que mudar de cadeira porque tinha uma lésbica invasiva a encarando. Incrível! O mesmo cabelo, os mesmo óculos, a mesma cor de pele. Tati estava um pouco diferente, levava os cabelos cumpridos e botas pretas com polaina (tão característico do seu estilo há um tempo atrás). Não fiquei satisfeita, e quando levantei para ir lá e ter certeza de que não era Cris, ela se levantou e foi embora. Nossa, voltei para casa, ávida por notícias da verdadeira Cris, mas seu blog estava vazio. Fiquei me perguntando o quanto disto era delírio, o quanto era saudosismo, o quanto era a possibilidade de que, em algum lugar, há alguém que se parece bastante com a gente, para lembrar que somos únicos nas personalidade e não somos únicos nas características. Cris, na Alemanha ou em Salvador, você continua sendo uma das pessoas mais originais que conheci! Aquele abraço!

segunda-feira, 1 de março de 2010

O que minha imaginação me propicia


Quando era pequena, lembro de ter uma imaginação bastante fértil, mas jamais roubaria o posto de criativa e escritora da família de minha irmã. Ela era fera. Criava jogos, textos e estórias quase todos os dias. Eu, por outro lado, imaginava toda sorte de coisas da idade. Tinha amigos imaginários, um namorado imaginário, vivia milhares de aventuras com diversos temas, que me intrigavam e, sempre, sempre me dava bem. Claro que minha vida não era, exatamente, feita de lances perfeitos, meus foras eram homéricos e constantes e, minhas queridas irmã e prima, não os deixavam passar sem maiores constragimentos (além do já sofrido, seja ele qual fosse), mesmo anos após os fatos já terem caducado...


Mas, minha memória desde que me entendo por gente me prega peças. Lembro de uma vez, ainda na escola que uma professora nos pediu para escrever um texto (não lembro sobre o que, nem em que série estava). Sei que o escrevi, mostrei para minha irmã, meu super ego. Na minha cabeça era assim, eu consegui deixar outra pessoa ler, então, eu gostei, se deixei minha irmã ler, é porque aguardo críticas e o momento em que terei que re-escrevê-lo. Para meu engano, ela adorou o texto e saiu correndo gritando pela casa, querendo mostrá-lo aos meus pais, dizendo, aos berros: "olha o que Paola escreveu!" Sei que não foi por maldade, foi por pura alegria, mas sei que desde dia em diante, senti tanta vergonha, me senti tão exposta, que só me dispus a escrever depois dos trinta. Aos 17 anos me vi bloqueada e tive que fazer classes extras de redação para ver se algo saía, mas, nada. Olhava para o papel, ouvia os gritos de minha irmã, ficava nervosa e pimba, página vazia.


Pensei que quanto mais velha ficasse ou quanto mais anos de terapia fizesse, melhor ficaria...Mas isto não ocorreu, sempre que algo é importante para mim e meu valor está em jogo, me esvazio. Se tenho que provar algo ao outro, provo que sou péssima. Se não tenho que provar nada, sou ótima. Assistia aos jogos de inverno e pensava, nossa, se fosse eu para patinar para este público todo, já teria caído e ficado frustrada anos a fio.... Acho que ainda preciso de muita terapia!


Hoje, aqui, com meu quadro de horários, bem aberto, trabalhando do jeito que gosto, com tempo para criar e respirar, me veio a cabeça que teria sido uma boa idéia se tivesse me tornado escritora. Comecei a me imaginar, assim, uma Martha Medeiros (uma das minha autoras favoritas), e fui me vendo com os mesmos horários de hoje, mas com obrigações distintas. A tarefa de escrever o que me viesse à cabeça como tema. E pronto, comecei a imaginar um texto e, antes mesmo de chegar ao final, já me sentia escritora. Para não me limitar à minha imaginação como fazia quando criança, resolvi colocar a mão na massa. E... pimba! Veio este texto. Talvez para provar a mim mesma que se quisesse seria capaz de realizar tudo o que minha imaginação me propicia e ir além.