quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Feliz com os animais

Voltando para casa outro dia, me foi sugerido mudar a rota. E como estava caminhando, topei - porquê é fato que tenho medo do trânsito, se fosse para mudar o caminho quando vou de carro, acho que não faria a não ser que estivesse dentro de um horário confortável, que significa dizer das 11 às 15:30 e olhe lá!

No caminho encontrei primeiro um cachorro branco, grande, peludo, que já devia ter sido bonito, mas cego de um olho, com o pêlo espetado, realmente, ele parecia ter sofrido muito. Aí, dividi com ele meu pão de queijo. Ele, então, começou a me seguir, e só deixou meu caminho, quando uma senhora, sua dona, o chamou de volta.

Depois, uns 2 minutos após o encontro com o cão, escuto um miado. Fiquei procurando o gato pelo chão, mas ele estava na janela, miando para mim. Seu miado, chamou um outro gato à janela e os 2 ficaram lá, miando para mim. Como não sabia o que fazer, fiquei lá, olhando para ele,o que primeiro me havia chamado, até ele parar de miar.

Então, foi a vez das borboletas, de tamanhos variados, a que mais me encantou era negra e parecia ter desenhos de olhos cor de rosa nas asas. Mas os bem te vi, as espantaram. E pareciam me seguir de árvore em árvore.

Depois dos meus encontros "animais", fiquei mais interessada no que estava a minha volta e vi as lojas de móveis em madeira, em vime, as antiguidades. Enfim, SP me presentou de novo, com coisas boas, que acabaram compensando o metrô lotado e o ônibus em igual condição, onde voltamos todos fritando como ovos em frigiderias, com o calor subindo na forma de vapores do asfalto, tornando o ar tão denso, que beira o irrespirável.

Neste dia, resolvi não ir direto para casa, parei no teatro de Gru e fui presenteada com um café com choro, gratuito. Engraçado, como quando a gente tá feliz, tudo parece mais fácil de lidar e a noite acaba em festa ou em música :)

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Saudade

Saudade é um negócio impressionante!
Me peguei olhando as fotos do casamento da minha irmã. E depois dos encontros com a Txurma do Mar, depois com outras turmas. E o mar...Ah, o mar! Como sinto falta de estar nele! Fui para SSA, fui para o mar do Iate, mas o mar de clube, não tem areia, aí, não parece que não é mar de verdade...
Depois que meu computador pifou, vi o quanto a impressão das fotos, que me parecia algo arcaico, que só fazia volume, especialmente nas mudanças, era algo bom e não, simplesmente, um  peso. Viver o presente é fundamental, muito bom, mas quando se está sozinha numa cidade que você conhece pouco (Marcos está viajando), ter amigos no lugar, ter um lugar de graça para ir para não fazer nada, a não ser se molhar, se refrescar, renovar as energias, faz toda a diferença! Ainda mais quando se pode ir andando, sem ter que pegar o carro para ir a qualquer lugar.
Nunca fui uma dessas pessoas que fica revisitando locais, pessoas, estórias. Mas hoje, limpando a casa, me peguei querendo rever minha própria história, as pessoas que fizeram parte dela e que, ainda bem, continuam fazendo! Talvez por não gostar do meu passado, de sentir certa vergonha dele, nunca quis revisitá-lo.
Curioso o que mudanças de cidade, de país, fazem com a gente. Cria a necessidade de ter raiz....E de lembrar das próprias origens. É tão bonito ter uma família para quem voltar, amigos para continuar compartilhando. Em Júpiter, Zillion, Bremen, Madrid, SAJ, Salvador ou qualquer outro lugar, é bom saber que se tem mais de uma casa onde quer que se vá e isso, dá uma saudade!




quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Porque esta cidade é uma caixinha de surpresas

Em pleno inverno, faz um calor tão grande, que andando na rua tive que parar e comprar uma camisa de alças, para minha pressão não baixar mais. A secura era comaprada a de um deserto. Redemoinho de poeira, falta de água nos parques e gente tomando sol nas áreas verdes era como se estivesse vivendo um forte verão no Saara. Na primavera, as árvores estão com as folhas caindo, como numa troca de estação, mas os termômetros marcam 10º, apesar da sensação térmica, ser de 8º, por causa do vento. Então, o que levar na mochila quando a previsão é chuva fraca e passageira, com sol predominando e uma pequena queda de temperatura à noite?! Eu acabo levando tudo! Guarda-chuva, casaco, echarpe, camisa sem manga, camisa de manga, água, tudo! Porque a pequena queda de temperatura à noite, me faz bater os dentes, mas o sol predominando pela manhã me faz suar como se estivesse num cuzcuzeiro!

Mas não é só o tempo que fica louco, o trânsito também não se comenta... O caminho que faço para voltar para casa, é até bonito. Posso apreciar a arquitetura da cidade. Passo pela Estação da Luz, Pinacoteca, a antiga estação de trem... no pôr do sol então, a vista fica mais bonita Mas, quando qualquer coisa pára aqui, mesmo que seja apenas um semáforo, tudo pára. O percurso para casa, com engarrafamento leva 1hora. Hoje levei 2h! E o trânsito aqui é como um bicho. Você olha e ele a princípio não te incomoda. Mas, o tempo vai passando e o bicho vai lhe olhando e quanto mais o tempo passa, mais o cansaço bate e o bicho parece que vai se tornando maior e vc vai se deixando abater pelo cansaço. E quando os ombros se elevam, o bicho lhe pega pela espinha até o rabo. Não há como combatê-lo... Levei tempo para ter coragem de dirigir em SP, por causa do trânsito, o tão famoso trânsito. Hoje, apenas hj ele foi real para mim.  Justo hj qd comentava com uma amiga q preferia passar uma hora no carro com som e ar ligado, do que vinte no metrô lotado, abafado, sem ar, com o suvaco e a genitália alheia colada em meu corpo, para depois experienciar duas horas no ônibus, numa situação muito parecida ao metrô! Então, só me resta colar na mochila o bottom, metrô lotado, eu FUI. Trânsito louco, eu FUI!

Eu gosto de surpresas, mas daquelas boas. A cidade tb me deu dessas. Mas, eu sei que quero mais! Porque quando o doce é bom, a gente só consegue pedir mais e deixa as outras surpresas não tão agradáveis para lá!

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Percepções da Cidade


Uma amiga querida minha (Cris Oliveira) me perguntou sobre minhas impressões da cidade, com meu olhar de turista. E foi só diante do questionamento que percebi que estava evitando olhar para a cidade, talvez para não resistir a ela.
São Paulo é uma cidade – que como muitas outras, acredito – mescla muita coisa. Primeiro, a cidade foi e é constituída por imigrantes, dantes italianos, japoneses, espanhóis e portugueses, hoje nortistas, nordestinos, coreanos e peruanos. O que mais escuto aqui é que os paulistanos genuínos estão desaparecendo. Acho pura balela, já que aqui tem milhões de habitantes que, independente de onde vieram, habitam há tanto tempo a metrópole que já são genuinamente paulistanos!
Para minha surpresa, num local que respira cultura, o português deixa muuuuiiittttooo a desejar. A história do lugar também está perdida dentro do acervo municipal da Prefeitura, já que quem aqui vive nada sabe sobre a cidade, como, por exemplo, os nomes dos locais, que são tão pitorescos, como Vila Nhocuné, Jacu-Pêssego, Armênia, Consolação, só para citar alguns. Percebi que aqui, cultura mesmo, encontramos nas pessoas, que trazem suas culturas para cá e as mesclam com o que aqui aprendem e na Avenida Paulista. Nossa! Lá a arte está em toda parte!
Algumas coisas que observei aqui que, por mais que tente, não consigo compreender a lógica paulistana. Primeiro, todo mundo está sempre correndo. Parece que correr, virou um hábito tão rotineiro, que todo mundo está sempre atrasado – única explicação para tanto empurra-empurra e correria! Segundo, se a corrida é o ritmo para chegar a qualquer lugar, então, comer fica para depois e todo mundo digere o café da manhã, almoço ou jantar aos trotes de cada passo. E a comida tem que ser rápida, prática e, portanto, é artificial ou nada saudável! O que se vê pulando nas mãos das pessoas são pastéis, pizza, pães de queijo, batatas fritas etc. Terceiro, diminuir o ritmo aqui parece ser proibido, aí, o paulistano é viciado em café. E como bebe muito café e come em horários loucos e a qualidade da comida é questionável, o pantoprazol ou omeprazol é o remédio campeão de vendas, porque todo mundo tem gastrite. Ainda como conseqüência do ritmo, do excesso de café, da corrida desenfreada para ganhar dinheiro e chegar em algum lugar antes dos trinta minutos, o segundo campeão de vendas das farmácias são os medicamentos para enxaqueca e o terceiro, empatados com os remédios destinados à má digestão e os moderadores de peso, são os estimulantes ou energéticos. Assim, o cidadão aqui é fã das corridas, das comidas gordurosas, do café e sofre muito com as enxaquecas, insônias, dores e tensões pelo corpo. O local é um prato cheio para a Antiginástica!
Aqui a técnica é uma via possível para viver! Porque, como percebem os próprios paulistanos, viver é o que vem depois do trabalho, e só acontece quando há tempo, mas tempo, é riqueza escassa aqui, com tanto engarrafamento, com tanta gente nos ônibus, metrôs e trens.
No início não compreendia porque todo mundo era tão bruto nos transportes públicos. Mas, São Paulo ensina que perder o centro, a calma, a paz e o tempo aqui é muito mais fácil que ganhar qualquer um desses. A brutalidade é fruto dos ensinamentos da cidade. Para minha alegria, ela não é partilhada por todos!
Nos meus 2 meses e meio aqui já vi motoqueiro morrer, senhores caírem no metrô e só serem auxiliados por mim, gente enlouquecendo de solidão pelas ruas da cidade, homens no metrô abrindo os zíperes para aumentar o contato entre a bunda da moça da frente e o órgão sexual dele (isso é recorrente pelo visto nos horários de pico, quando tirar o pé do chão ou ajeitar os braços é impossível!) e no mesmo transporte, gente que sequer se conhece se beijar. Acho muito para o pouco tempo. Mas, também, vi flor nascer do meio do cimento, árvores florirem do galho de outras, o perfume das flores nos parques, gente que mal me conhecia abrir as portas de si e da casa para mim, árvores florescerem lindas em pleno inverno, gentileza no meio do metrô lotado, cegos sendo auxiliados por gente que passava e identificaram alguma dificuldade para o deslocamento.
Enfim, adoro ver a cidade como turista que sou, andar sem pressa para qualquer lugar – já que saio três horas antes para qualquer lugar! – os cafés na rua, os parques, as árvores, a conversa daqueles que se perderam pelas ruas e pelas drogas daqui, as conversas dos nordestinos e nordestinos com sotaque paulistano e a sensação de que aqui tudo acontece, se você está com os olhos e coração abertos para ver e sentir!




sexta-feira, 31 de agosto de 2012

De Passagem

Sabe, escuto todo o tempo as pessoas – inclusive eu – reclamando da vida que escolheram para si. Mas, acredito firmemente que é necessário viver com as próprias escolhas e, especialmente, buscar modificá-las, para que a vida se torne algo sobre a qual reclamemos menos ou até, se possível, desfrutemos!
Isso, que sempre foi algo que carreguei em teoria foi ficando cada vez mais claro. A certeza veio em via dupla. Uma, assistindo ao filme de Almodóvar: A pele que habito. Um dos protagonistas pediu tanto por uma mudança que ele não cumpria, que um outro foi lá e fez isso pra ele, da pior maneira possível... A outra foi estar voltando para casa de carro, por uma das avenidas mais movimentadas daqui, a Papa João Paulo I e presenciar o exato momento em que um motoqueiro, que vinha acelerando e tentando a todo custo encurtar os caminhos, o tempo, perdeu a vida ao ser atropelado por uma Kombi. No susto ele ainda conseguiu salvar o carona.
Ambos usavam capacete, como usamos proteções no corpo, as couraças – batizadas por Reich, mas nem sequer elas nos salvam de nossas próprias escolhas, talvez, até, pelo contrário, nos levem direto para elas.
Correndo o risco de cair em muitos clichês, repito para mim: “a hora de mudar é agora!”

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Gentileza!

Morando em SSA minha vida toda, acredito que aqui se encontra muita coisa interessante, mas algo que parece estar sumindo - não por falta de apreciação, creio eu - é a gentileza. No trânsito ou em locais para pedestes mais cheios, o que mais se vê é justo a brutalidade, a falta total de cerimônia para fazer menção e muitas vezes, partir para a ação, de ocupar o espaço do outro, ultrapassando os limites da boa educação.

Como caminho bastante, acredito que Salvador não foi feita para carros, bikes e muito menos para pedrestes - essa é uma terra de ninguém! kkkkkkkk

Por isso que quando vejo alguém parado na faixa de pedestre só aguardando sua vez de passar, eu paro mesmo e nem penso que estou fazendo nada além de minha obrigação, afinal, estou apenas respeitando as leis do trânsito. Mas, não raro, cada vez que páro, o que mais escuto são buzinas e reclamações por ter, simplesmente, deixado alguém passar na minha frente e ter "perdido"2 minutos! Já ouvi que os carros só páram na faixa de pedrestes da Barra - concordei com isso, mas vejo como razão o fato da Barra ter um trânsito e ruas que impedem altas velocidades. Eu sei que eu, havendo pedrestre esperando, páro em qualquer faixa, salvo os momentos que penso que algum carro irá literalmente passar por dentro do meu!

Então, tendo que fazer um mantra pessoal todos os dias que dirijo para não me tornar Pateta Andante, Pateta no volante - desenho da Disney que assisti há muitos anos atrás, que retrata perfeitamente o que vejo hoje no trânsito desta cidade - Pateta todo feliz, tranquilão, enquanto pedrestre e um louco descontrolado atrás do volante. Como alguém sábio já havia me dito, é mais fácil ser agressivo, atrás de uma proteção metálica...

Eis que hoje surge algo deliciosamente imprevisível. E não foi um único fato, foram dois seguidos! Eu, falando sério, me senti abençoada!

O primeiro, páro no posto para calibrar os pneus do carro (porque a cidade está um buraco só!) e havia um furgão na minha frente. O motorista terminou de calibrar os pneus dele, pediu, com boa educação para que eu encostasse ao lado do carro dele - até aí, eu imaginei que estacionando ao lado do furgão dele seria mais fácil para ele sair - mas, ele, então, moreno, de cabelos negros, com uma tatuagem discreta na parte interna do braço, só vista quando ajeitava o cabelo para trás, ou seja, o cara ainda era gato! E o gato me pergunta, quanto é a calibragem? E sem pedir nada, por pura gentileza ele calibra meus quatro pneus! Eu nem sequer podia acreditar! Agradeci umas mils vezes e quase me empolgo e entrego meu telefone para ele, pra agradecer um pouco mais! rs

A segunda: saindo desse posto, ainda encantada com a gentileza, vejo um carro parar o trânsito, dar uma leve buzinada - e eu lá já me preparando para fechar alguém para conseguir sair da loucura que é o sistema de tráfego daqui, onde 3 faixas viram uma sem que haja na pista qualquer tipo de sinalização, onde os retornos estão sempre na pista de velocidade e onde existe uma concentração de entradas e saídas numa mesma rua. Então, esse carro buzina gentilmente, pára o trânsito por 20 segundos e eu passo, com um sorriso no rosto, acenando um agradecimento.

Hoje, foi um dia ótimo para mim no trânsito. Faço aqui um pedido para que ele se repita com muitas outras pessoas, acredito que só assim, essa energia louca do trânsito mude, porque gentileza gera gentileza!

domingo, 27 de maio de 2012

Agradecer

Hoje é dia de agradecer.
Percebi que passar a vida se queixando é fácil. Afinal, todo mundo tem alguma queixa, de algum problema sério ou não. Mas como problemas todo mundo tem, percebi que o mais importante na vida se resume a três coisas: você, seus amigos e sua família.
Sem eles os problemas seriam maiores e mais pesados.
O olhar que sustenta o seu, o abraço, a mão, o colchão que suaviza a queda, quando a mão não é o suficiente, o conselho, a conversa que se guarda e aquela que se joga fora, o chocolate, a cerveja, o vinho, o cigarro, a risada, tudo isso, faz qualquer coisa se tornar efetivamente transitória, a certeza de que não estamos só, que se falta uma perna, ainda se tem dois pés do tripé de quem se é.
É com eles que se descobre a liberdade de ser quem se quer, no momento que se quer. De mudar de fase, de ares, de piada e ainda manter-se fiel as raízes...Isso, para mim, é pura poesia!
Por isso hoje, tirei o dia para agradecer, aos meus pais, Sérgio e Magda, a minha irmã, Carla, ao meu namorado, Marcos e as minhas amigas fiéis, que estão lá, até quando digo que não preciso delas: Ana, Cris, Dan, Iara, Jo, Lua, Malara, Myla, Tati – porque cada uma dessas pessoas ocupa um lugar sagrado em mim e me tornam mais sagrada!
Obrigada J

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Fim de ciclos

Na lavoura, depois da colheita, é necessário esperar um tempo para realizar um novo plantio. Isso se dá para que o solo tenha força, nutrientes suficientes, para ofertar frutos nos tamanhos e condições adequadas. Esse momento é como uma pausa. Um tempo em que nada acontece, um tempo de espera, conhecido como entresafra.

Me vejo e me sinto, fechando um ciclo, em plena entresafra. Mesmo sabendo que novas sementes vêm por aí, esse momento de espera, onde muito pouco acontece, me parece um convite de da rainha de alice - no país das maravilhas - para cortar fora a cabeça. Só não a corto fora, porque acho que um dia ainda precisarei dela e, creio que não terei possibilidade de troca se o produto estiver avariado.... Manter a cabeça no lugar nesses momentos me parece pura arte, dessas destinadas para os seres elevados - alguém por favor me puxe para cima!

Enquanto uma parte de mim acredita, a outra, desconfia. Enquanto uma diz escreva, a outra, grita, apague! Devaneios de quem está na entresafra, torcendo para que o próximo plantio seja pleno, próspero, rico o suficiente para nutrir essa terra, que está sendo levada pelo vento e se perdendo no pó.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Looking back at myself

Looking at us today, looking at myself, I realise, it´s not important how beautiful you are, how beautifiul you were ou weren´t, how intellingent, how interesting, or how high self steem was or how low it was, how much it kept you confused if you were a good girl, a bad girl, a hot one or a disgusting one. Looking at us now, it´s really clear that we´ve managed to survive everything, even ourselves. Today we found someone, we are with someones who we love, who we care about, not important that we´ve tried to destroy ourselves with everthing: drugs, self abuse, violent sex, too much sex, whatever. We survived and that´s how we built our self steem, how we got to know ourselves and how we managed to be beautiful. 

PS: Special thanks for Cris Oliveira, a loving and caring friend and a wonderful teacher, who corrected this text for me.

domingo, 13 de maio de 2012

Clássicos

Se há algo que sempre me emociona são os clássicos. E não falo dos filmes clássicos, falo dos jogos dos campeonatos estaduais. Sendo da Bahia, falo, com mais propriedade do clássico, Ba x Vi. Eu que não assisto aos jogos, que não torço por time algum, que sequer tenho idéia da chamada tabela, quem sobe e quem desce. Eu, que vejo tudo de fora, me emociono. A concentração dos torcedores que emudece a cidade, seguida do som ocasional de fogos de artifícios e, finalmente, a explosão, de gritos, buzinas, fogos, alegria. Ouvir uma rua inteira gritar goooolllll, ou ver os profissionais, como seguranças, manobristas, caixas de supermercados, enfim, todos aqueles que estão na rua, não tem Tv e não podem acompanhar o clássico, grudados no radinho, vibrando a cada lance e explodindo em uníssono num gol...é, no mínimo, efusiante. O que me emociona não é o jogo, é a energia que as pessoas colocam nele. É o amor, gritado, sem a menor vergonha, das janelas dos edifícios, é a declaração explícita de amor que me encanta. E são homens e mulheres que observam, emudecem, gritam, choram, vibram, juntos. É esse amor histérico que me faz as lágrimas escorrerem. É realmente como ver um filme clássico de romance, onde, no final, o difícil mesmo é conter as lágrimas.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Poesia Chula





Outro dia ouvia uma música que dizia que a vida era uma aventura e fiquei me questionando quando a minha tinha deixado de ser. Sempre escuto aquele papo que enquanto ainda se é estudante a vida é uma maravilha, que este é o momento de curtir sem responsabilidades, etc. E percebi que, de certa forma, a medida que a vida vai passando a gente - digo eu – vai se cercando de certezas, seguranças que tornam a vida rotineira, mas, definitivamente, a deixam com uma cara conhecida e o conhecido é sempre tão mais fácil de lidar, do que o escuro do desconhecido. Imagine só viver uma aventura a cada dia! É muita emoção para o corpo, uma parada cardíaca iminente!




Ai, criada a rotina, a melhor coisa que se pode fazer é quebrá-la, pelo menos de vez em quando. E foi o que fiz. Então, um dia, sai de casa às 19:30 da noite, de ônibus e fui para o Teatro Castro Alves, assisitir a um show da Conexão Vivo, de uma banda do interior de Feira de Santana chamada Quixabeira da Lagoa da Camisa ou qualquer coisa assim. Primeira surpresa, não conhecia ninguém no teatro – logo, minha esperança de uma cerveja após o show foi restrita ao aconchego do meu lar - nada reconfortante, quando se parte em busca de aventuras...



Alguns minutos após minha chegada, o show começou. Sentei entre um casal e um senhor. Conversava com eles o quanto minha timidez permitia e quanto mais me sentia em casa, menos tímida ficava. Entram no palco 10
pessoas. 3 senhoras de vestidos de seda combinados da mesma cor, praticamente, que reluziam no palco. E 7 homens de boné ou chapéu de vaqueiro. Conversa pouca, chula primeiro. Aquele vocalista de lingua presa, que tinha uma voz que quase não se escutava, aquele bando de senhorzinhos tocando como adolescentes, aquelas senhoras dançando com os pés arrastados e os braços presos ao corpo, aos pulinhos, com uma voz esganiçada, típica do vocal interiorano da Bahia e eu, lá, emocionada, as lágrimas me escorriam enquanto remexia na cadeira, junto com o casal ao lado. O público batendo palmas, e eles – a banda – de tão humildes, quase não levantavam as cabeças dos instrumentos para apreciar o público que lotava a Sala do Coro. Achei lindo! Deram tudo de si, a viola quebrou, mas eles não paravam, uma música atrás da outra, o violerio parado, todo duro, com as mãos cruzadas na frente do corpo e ninguém perdia o tom ou o rebolado. E vi nos olhos deles, que aquilo, para eles era uma aventura, como eu tinha me aventurado indo sozinha. Mas, a deles era maior. Era uma viagem, era reconhecimento, era aplauso.



O show não foi o melhor da minha vida. Podia ter sido visto de casa, ou na beira da estrada para Maria Quitéria. Mas, na vida de cada um, tem um monte de aventuras esperando para serem vividas. Eu me inspirei neles para ir buscar as minhas, muitas outras. E de lá para cá, vou vivendo as minhas, tomando-as como remédio
para fazer feliz a alma que mantenho coladinha a mim, enquanto dou meus saltinhos, mesmo dançando minha chula com os pés rentes ao chão.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Marchinha

"oh abre alas que eu quero passar...."
Fui ontem ver na Barra a abertura do carnaval, com as tradicionais bandinhas, especialmente, a mais antiga de todas, a do Habeas Copus. Há alguns anos atrás, a minha memória sobre o evento era de algo divertido e muito tranquilo. Ontem, a minha memória foi borrada. Sequer consegui distinguir que bandinha era do habeas!
A aglutinação de pessoas era tão grande, que não dava sequer para ver os nomes dos bares, imagine reconhecer o local.
As bandinhas caíram na moda e de bandinha só resta o nome. O que vi ontem foram blocos enormes, com cordas, camisas, poucas fantasias, mas muita, muita gente mesmo. E em nada era diferente do carnaval de trios elétricos. Depois de uma corda, outra, sons que se misturavam no ar e mais parecia ruído do que marchinha.
A melhor banda da noite - quer dizer, na minha opinião, claro, durante todos os 60 minutos esgotantes que passei ali - foi uma composta em sua maioria por famílias, literalmente famílias. Os pais e mães seguravam as cordas, tocavam uma percussão móvel - engenhoca fabulosa onde foi possível não só segurar todos os tambores, como deslocá-los quase sem esforço - tocavam os instrumentos de sopro, empurravam carrinhos de supermercado com crianças e cervejas e vendiam para aqueles que haviam saído neste bloquinho as bebidas. E a festa, a dança, a animação ficava por conta das crianças. Uma mãe era a puxadora do bloco e as crianças faziam o carnaval. Isso sim, achei lindo, divertido, e a isso dediquei minha dança, minha atenção, minha alegria. Fantasiados toscamente com o que puderam improvisar esse bloquinho me fez sorrir e tornou minha noite muito mais feliz!

domingo, 12 de fevereiro de 2012

A Folia

Quando o verão chega em Salvador, as coisas começam a acontecer. Tudo bem que as coisas são festas, mas junto com a estação, a cidade se amplia, se agita e assim também acontece com suas atrações culturais. Para minha surpresa, algumas das coisas mais interessantes da cidade estão acontecendo nas quartas - feiras. Numa delas fui para o show de uma das bandas que mais gostava na minha adolescência, que, como tudo o que é bom, acaba, mas, como tudo que é bom também é reeditado, ela voltou. De roupa combinada, com quase os mesmos músicos muito afinados e muito empolgados, a Dead Billies fez todo mundo levantar das cadeiras do Pós Tudo e sair de lá com um sorriso no rosto, inclusive eu! Engraçado ser no Pós Tudo, porque para mim, foi assim, após tudo o que já nos passou, afinal eu gostava da banda aos 16 anos..., após tudo, feliz!


Aí, num sábado recebo um mail informando que haveria no Rio Vermelho uma reunião de palhaços. Cada um que fosse caracterizado atrás da banda. No mesmo dia, a banda De hoje a 8 fez a uma convocação parecida. Venham e tragam suas fantasias para que a de hoje a 8 faça você sambar no Santo Antônio (além do Carmo). Acabei indo para a segunda, pois já conhecia primeira. E não me decepcionei. Pais, filhos, todo mundo de sandálias e não havia empurra-empurra, ninguém pisava no pé de ninguém, a percussão era mesclada uma parte feminina, outra masculina e a única violência que vivi foi uma louca colocar alfinetes na bolsa para "evitar ladrões". Imagine, num local público com tanta criança.... Afora isso, aninamação não faltou e a garantia que para ano a gente se veria de hoje a 8! No Rio Vermelho, os palhaços acabaram cedo, então, não consegui ir atrás da banda, mas chegar em Cira do Acarajé e ficar numa mesa conversando com um monte de palhaços não deixa de ser surreal e engraçado!


Afora o agito da cidade, as pessoas ficam mais abertas no verão e de quarta em quarta vou encontrando gente interessante, da cidade, do velho oeste da Bahia, de outros estados e a única coisa que posso dizer de tanta diversidade é que estão todos em uma folia só!

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

A horda



SSA foi invadida ontem por uma horda de marginais. Foram as ruas portando armas, ameaçaram, bateram, atiraram, abriram os cárceres, autorizaram marginais, espalharam boatos de arrastões, fizeram arrastões, bloquearam vias e causaram pânico e transtorno à população. Essa horda foi as ruas para, a princípio, reinvidicar direitos. Mas será possível fazer isso, quando se rouba o direito do outro, no grito, na ameça, na porrada ou no tiro?! Essas cenas foram incitadas e organziadas pela facção criminosa da polícia que entrou em greve e que não foi ouvida pelo Governo. Se sentindo muda e desrespeitada - como aliás se sentem os brasileiros que precisam ir na delegacia, por exemplo - resolveram partir para esta ação, que no mínimo é covarde.



No reino animal, todo grupo tem um líder, que é respeitado e seguido pelo clã. O bicho homem não confia nos líderes que escolhe e por isso, para manter, a ordem criou a polícia. Mas o que fazer quando já não se sabe mais quem faz o papel do bonzinho e do mal? O que fazer quando é a própria polícia que gera a desordem? O que vi ontem em SSA me deixou muito triste, desacreditada na humanidade mínima possível dos oficiais em greve e daqueles que também estavam de plantão trabalhando.



Deixo, então, a ordem sob o comando dos cidadãos, porque a desordem bruta, fica com certeza sob o comando da polícia que já provou ser extremamente eficiente neste tipo de movimento estúpido e agressivo.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Quando ele foi embora



No dia que ele foi embora, parecia um sonho. Tinha a sensação de que voltaria mais tarde, como se fosse apenas mais uma saída para o trabalho. Mas, depois de uma semana, me convenci que ele não mais voltaria. É engraçado como mesmo estando fora, ele está aqui presente em toda parte. Nas fotos dos porta retratos, no cheiro no travesseiro, nas camisas na gaveta, nos perfumes no banheiro. No primeiro mês achei que fosse morrer de solidão e não sabia se aquilo significava que era uma nova solteira dentre as tantas na cidade, se era um período de liberdade com algumas fronteiras ou simplesmente uma ausência. No segundo mês, as coisas parecem ter mudado, para mim. Ainda sinto a falta, mas a falta não se traduz em ausência, apenas numa conexão a distância. E pensei na falta de muitas pessoas que daqui saíram e foram morar em outros estados e outros países, mas a falta de um companheiro é diferente, não é mesmo? Ouvi outro dia que o casamento era melhor para o homem, porém, por mais que fosse repetido e que todas as mulheres presentes assentissem, eu não consegui concordar. Acho que casamento é bom para ambos! Nuns dias é melhor para um, noutros para o outro, noutros para ambos. O que acredito é que manter uma relação a distãncia é ruim para os dois, mas pode ser o momento de rever conceitos, acertos, posições. Tempo para repensar a relação. Se ela dura, persiste, é porque assim os dois quiseram, se não, se esvai com o tempo. A minha até então, está durando. Entretanto, já coloquei na cabeça, que só espero até o sétimo mês. Afinal de contas, solitude excessiva deixa a gente maluca, especialmente nos dias de lua cheia, ou se morre de biela ou se é acometido de síndrome do túnel do carpo e eu não desejo para mim nem uma, nem outra!

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

O contador de histórias



Quando se fala em filme brasileiro, ainda se tem o estigma de que o assunto será: violência, dor, pobreza, sexo ou tudo isso junto. Mas, um dia desses resolvi arriscar num filme de título sugestivo, o contador de histórias. Gente! Que filme bacana! Ele, claro, aborda a violência, mas com tanto amor, com tanta poesia, que o resultado final só podia ser um transbordar de emoção! No filme, o acolhimento, a compreensão e o amor vêm de fora. E não é assim na vida de todo mundo, abandonados ou não, não estamos todos buscando amor, compreensão e acolhimento no outro?! A melhor parte, a história é real. Retrata a vida de Renato, que, quando menino foi deixado na Febem por sua mãe, que ouviu na televisão que a Febem era o lugar onde a criança entrava crua e saía doutor. As críticas são claras. A primeira, o governo ilude, maqueia, mas se faz convincente para a população. A segunda, o poder da televisão, sua ampla divulgação, sua associação com os políticos dominantes. A terceira, o abismo das classes sociais. A quarta, a realidade devastadora das políticas públicas. Mas, é justo num lugar como este que o menino conhece uma segunda mãe, uma francesa. E me arrepia a pele, as escolhas e os caminhos na vida de cada um. Não é assim, realmente, na vida de todos nós?! Somos felizes, nos magoamos, nos perdemos, não enxergamos, até que tudo fica claro e a pessoa certa chega. Assisti a este filme no dia 02/01/12 e fiquei com a sensação que assim seria 2012 - o ano da lua - um ano onde se poderá encontrar aquilo que nos aninha, que traz aconchego, um ano onde todos nós poderemos contar histórias felizes de nós mesmos!